segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
devagarzinho...
Reclamamos tanto da vida às pressas, da movimentação frenética das coisas e dos sentimentos , superficialidade das pessoas, vulgarização do amor, escravidão que o padrão estético nos impõe, banalização do sexo e troca de sensualidade por vulgaridade, falta de diálogo entre as pessoas, falta de assunto, falta de cultura, de amor próprio.... que, achamos estranho quando o contrário acontece...desconfiamos , e muito.
Esquecemos de aproveitar o momento e vivenciar a experiência da simplicidade e sutileza das coisas belas . Paúra. ficamos com muito medo se as coisas não funcionam diretamente no esquema "vai ou racha",tememos os enigmas , os mistérios e como se não bastasse , ainda nos culpamos e inventamos vários "ismos" para nós mesmos afim de nos auto-boicotar .
Ainda existe a valiosidade das pequenas coisas, o carinho de singelos gestos, ainda existe o cafuné na cabeça, as mãos dadas , o friozinho na barriga...
Porque depois de tudo que evapora ;o que realmente ficam são coisas que jamais imaginaríamos ...uma lembrança pequena, mas que brilha e reluz como um diamante valioso.
o cheiro de um feijão na panela mergulhado no tempero da saudade, mãos enrugadas que cheiram alho picadinho,
som de chinelos confortáveis vindo em sua direção só para velar seu sono,
cachinhos teimosos que molhados caem sobre os olhos ,
um latido de felicidade ao abrir a porta,
risada enlouquecida rouca e forte,
aquele turbante na cabeça branca guardando toda a sabedoria de tantas gerações,
balas em saquinho de pão,
pingo de chuva no nariz,
um flutuante sorriso que insiste em aparecer de surpresa diante dos olhos da alma na hora que você precisa dele,
as covinhas macias afundadas hão de estancar as feridas.pois somos feitos da fragilidade das nuvens e as vezes o mundo quer desabar sobre nossos lençóis, mas nuvens pairam ,e mesmo cheias de chuva se sustentam de maneira fascinante no céu pq carregam consigo a completa estória desde sua formação nos invisíveis gazes, suspendem-se no ar porque carregam consigo a divina matéria que há no céu , a poeira das estrelas, a magia da luz , o brilho do sol e a força de vontade do raio.
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