terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Feliz Natal...??? !!!

certeza corpo e alma

O amor é exatamente o oposto,
ele insiste,fica, permanece ,teima
você não quer ele ali,mas a questão é que ele está tatuado em você.
È a única esperança... salvação,
redenção.

è a causa e conseqüência
è a única explicação perfeita que não alcançamos a compreensão
viver é platônico,porém eu amo.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Dicotomia corpo e alma

A paixão é uma alucinação de egos egoístas,
vontade débil de cavar uma cratera e tentar se esconder,
ter um braço sem a mão, e depender dessa mão para apanhar o alimento.
Tudo isso não passa de utopia; ilusão.

é sempre assim


O que é afinal a merda da coisa sem nome que é minha criptonita?
Essa passividade engana, é extremamente violenta e despudorada,
trás os nervos à flor da pele, desconcentra, desconecta.
Muda o eixo do meu mundo , planta bananeira,
é um não querer sedento por querer.

Não tem nexo ,muito menos explicação,
Não sei de onde vem , nem seus motivos.
As vezes sinto no estômago,
As vezes na nuca ... encerra no peito.

Acontece sem ao menos avisar,
e quando se vê , uma lágrima já foi derramada.

Queria poder fugir disso como uma besta foge da cruz,
um vampiro da luz .
Usar uma muleta para que as pernas não bambeiem,
óculos escuros para não olhar em outros olhos
e cair na armadilha ,
fraqueza humana ; é esse meu estado constante.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009


não sei se o amor é a prova da existência de Deus ou se é o próprio Deus.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

devagarzinho...


Reclamamos tanto da vida às pressas, da movimentação frenética das coisas e dos sentimentos , superficialidade das pessoas, vulgarização do amor, escravidão que o padrão estético nos impõe, banalização do sexo e troca de sensualidade por vulgaridade, falta de diálogo entre as pessoas, falta de assunto, falta de cultura, de amor próprio.... que, achamos estranho quando o contrário acontece...desconfiamos , e muito.
Esquecemos de aproveitar o momento e vivenciar a experiência da simplicidade e sutileza das coisas belas . Paúra. ficamos com muito medo se as coisas não funcionam diretamente no esquema "vai ou racha",tememos os enigmas , os mistérios e como se não bastasse , ainda nos culpamos e inventamos vários "ismos" para nós mesmos afim de nos auto-boicotar .

Ainda existe a valiosidade das pequenas coisas, o carinho de singelos gestos, ainda existe o cafuné na cabeça, as mãos dadas , o friozinho na barriga...

Porque depois de tudo que evapora ;o que realmente ficam são coisas que jamais imaginaríamos ...uma lembrança pequena, mas que brilha e reluz como um diamante valioso.

o cheiro de um feijão na panela mergulhado no tempero da saudade, mãos enrugadas que cheiram alho picadinho,
som de chinelos confortáveis vindo em sua direção só para velar seu sono,
cachinhos teimosos que molhados caem sobre os olhos ,
um latido de felicidade ao abrir a porta,
risada enlouquecida rouca e forte,
aquele turbante na cabeça branca guardando toda a sabedoria de tantas gerações,
balas em saquinho de pão,
pingo de chuva no nariz,
um flutuante sorriso que insiste em aparecer de surpresa diante dos olhos da alma na hora que você precisa dele,
as covinhas macias afundadas hão de estancar as feridas.pois somos feitos da fragilidade das nuvens e as vezes o mundo quer desabar sobre nossos lençóis, mas nuvens pairam ,e mesmo cheias de chuva se sustentam de maneira fascinante no céu pq carregam consigo a completa estória desde sua formação nos invisíveis gazes, suspendem-se no ar porque carregam consigo a divina matéria que há no céu , a poeira das estrelas, a magia da luz , o brilho do sol e a força de vontade do raio.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

saudade.

Abololô
Marisa Monte
Composição: Marisa Monte / Lucas Santtana

Abololô, abolocô
E a saudade vem
Vem pra dizer que no peito
Há vazio há falta de alguém

Abololô, abolocô
E a saudade vem
Vem pra qualquer um qualquer hora
Por alguém que foi pra longe já volta

Foi para não mais voltar
Gente que sente e que chora
Alguém que foi embora

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

por que cargas dágua vocês acham que tem o direito, de afogar tudo aquilo que eu sinto em meu peito?

pensamentos soltos sobre La belle personne


fazia um tempão que eu não sentia esse embrulho no estômago,leve arrepio...peito ardendo.
Alcançar de modo genuinamente erótico, porém completamente puro, com aquele jeito blasé, como se fosse sem querer é o que fascina, é ai que dorme a arte.
Se somos 2 pessoas comuns, quanto tempo duraria nosso amor? não existe amor eterno e é isso que me mata, é ai que não cabe nenhum sentido.
Então amar , é amar um certo tempo. E fim.
Não existe milagre para nós ,não somos mais fortes que os outros,apenas patéticos humanos.
O amor entra em nossos dedos , e como areia, escorrega. Torna-se utópico, inalcançável como as estrelas que no momento que vislumbramos nem mais existem , o que restou foi um brilho, uma aparição de esperança em nem sei o que , mas essa chama existe e por mais avessos que sejamos , viver é ter esperança.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Será mesmo que os anões não alcançam o olho Mágico?

Os anões espanhóis do hotel vazio em "O Silêncio", de Bergman que encantam como num jogo de hipnotismo o jovem menino solitário, vestem-no com um vestido cheio de babados e juntos apresentam números bizarros saltitando no colchão de uma grande cama ,me causam um certo tipo de frisson ...arrepio ,mas não é de medo , e sim de estranheza da confirmação de que logo abaixo do nosso mundo como o conhecemos, se nos permitimos olhar mais além, há outra camada, aquela oculta onde só alguns tem a oportunidade e até mesmo o interesse de chegar.

É o obscuro, a entrada para um quadro de Dali, é acessar o inconsciente, misturar-se em uma massa espessa , escorregadia e grudenta de uma substância que as vezes não sai nem com banho, nem com esfregão, nem com a vontade, nem mesmo arrancando a pele.

Tudo isso me conduz diretamente ao anão de "Twin Peaks"(David Lynch) que sempre surge entre cortinas de veludo vermelhas e fala de traz pra frente como um disco em rotação contrária. Nas paredes desse mundo enxergo cabeças de veados empalhados , com seus chifres lustrados por engraxates sem expressão da praça da Sé. À meia luz pode-se vislumbrar o desenho da poeira no ar , o cheiro forte floral adocicado que invade a garganta e nos obriga a sentir seu gosto, o tempo que derrete quem tenta possui-lo ou controlá-lo, e a névoa com textura e sabor de açúcar com corante.

Peixes vomitam tigres por não aguentarem a opressão do que escondem em suas almas. a espingarda faz cócegas suavemente em minhas axilas ; enquanto isso a lua devora vagarosamente com prazer o sol e eu penso comigo mesma deitada espreguiçando sobre um iceberg flutuante ,que se houvesse um modo de montar no elefante de pernas de pau que carrega em seu lombo aquele cristal tão delicadamente lapidado ,seria possível enxergar de lá de cima, o tudo! o mundo , as pessoas, as causas , as músicas .... mas isso tudo antes que a abelha dê sua primeira ferroada na romã. Enquanto bem ao fundo ouvimos Johann Sebastian Bach clamando por ajuda ;essa dissonância me deixa com vontade de beijar suas cicatrizes.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

fome


Quando o desejo grita nos seus ouvidos e tudo o que você quer , que realmente precisa é voar,não há mais tempo de fazer considerações, de pesar na insignificante balança social os prós e contras, de julgar ou esperar o julgamento dos outros.

Há que se colocar o capacete , agarrar forte na garupa de um cometa e se permitir sentir o sabor do vento , sentir os cachos se desmancharem entregando-se à velocidade, os olhos lacrimejando e ,por alguns instantes sentir o significado de "liberdade".

Já não querem dizer nada os olhares inquisitivos, julgamentos injustos,a inveja hipócrita que transforma-se em amargura, dedos em brasa querendo apontar sua cara ,e toda sorte de sentimentos reprimidos por aqueles que desistem de seus sonhos e aceitam entregar suas vidas às rédeas da paralisia e imobilidade.

Agora já não há mais volta ...já provei o sabor das nuvens,poeira não engulo mais. Nenhum nome , nenhum adjetivo pode tirar esse gosto de meus lábios.Agora já é hora ;quero subir além das nuvens... jantar as estrelas.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Toute ma vie, c'est courir après des choses qui se sauvent (toda minha vida é correr atrás de coisas que escapam)



Os incompreendidos para mim é o mais belo dos cinco filmes que completam a vida de Doinel.Tanta maldade, crueldade, indiferença,amor.... tanta poesia em preto e branco e aquela cena da praia que ficou impressa em minha mente ...

Collete realmente conseguiu marcar o primeiro amor como uma utopia que fere, machuca e, não obstante da realidade nós fugimos,nos trancamos em lugares ou vidas que não tem a mínima sintonia com quem somos verdadeiramente ,e quando abrirmos os olhos o tempo já passou e torna-se tarefa patética tentar correr afim de alcança-lo.

Para mim Doinel é o eterno apaixonado ,mas não por uma estória, por todas as estórias, por toda a magia dos primeiros encontros com seus frios na barriga ,mãos geladas e olhares furtivos e curiosos.
Quem sofre dessa enfermidade , de ser um apaixonado, na verdade tem paixão por tudo , de pessoas à cheiro de chuva , por do sol , vida ....
e a forma simples, bem humorada e poética com que truffaut nos fala de amor é o que me fez apaixonar por ele .


Antoine Doinel;

- Os Incompreendidos
(Les 400 Coups, FRA, 1959, P&B, 100')

- incluindo o média-metragem Antoine e Colette

- Beijos Proibidos
(Baisers Volés, FRA, 1968, Cor, 90')

- Domicílio Conjugal
(Domicile Conjugal, FRA, 1970, Cor, 100')

- O Amor em Fuga
(L'Amour en Fuite, FRA, 1979, Cor, 95')

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

estado febril

essa febre não passa, bão baixa
já toma conta de tudo, avassaladora se faz

me sinto em brasas nuas
meus sentidos não respondem mais

fumaça do extintor não passa de nevóa volátil
aguá evapora antes de tocar
em chamas vejo tudo clarear

alcanço em erupção o topo do vulcão
explode espalha lava onde alcançar
extingue após o último par de olhos uma lágrima derramar

domingo, 22 de novembro de 2009

de onde nascem as asas....


incrível crer que da asa de artesanatos (onde se carrega brincos, colares, pulseiras e anéis) de um hippie de cabelos cor de plantação de trigos ao avento e olhos daqueles dias em que o mar reflete o céu em comunhão com o sol em tons esverdeados, possa uma pena de um de seus brincos, ter feito cócegas em minhas costelas , e da fricção do atrito de minhas mãos ,rasgado em uma trêmula sencação de espasmo minha pele, fazendo libertar-se minhas próprias asas.

Aparição de um verdadeiro anjo na minha vida,que me fez voltar a crer no ser humano, longe de todas as luxurias avarezas , miudezas e estupidez que temos conseguido acumular a cada novo ciclo de nossas vidas.

Me fez reconhecer a valiosidade e grandeza dos momentos , que passam , mas há um jeito de torna-los eternos quando cremos neles e o conferimos nossa devoção. Onde finalmente podemos lapidar nossos diamantes e como fazê-los brilhar.

A importância de caminhar muito, conhecer e aprender com as mais diversas pessoas, e por vezes topar com mais e mais anjos nos menos prováveis lugares.

É por isso que sua caminhada é sem fim , sua missão é alcançar as estrelas e quem sabe me mostrar mais uma vez seu sorriso ,moço.

sábado, 21 de novembro de 2009

Mais Além...

é mais além, do tipo que não adianta escavar
não tem explicação, não há vestígios de razão
fica lá , por toda eternidade de um momento
Não sai de mim ...

é que seus olhos não revelam nada
não sei se esconde , ou se não há
fico lá tentando decifrar a alma
Não sai de mim...

é que sinto algo que não consigo classificar
não vem da razão, é mais forte que isso
preenche por um momento o vazio da vida
Não sai de mim ...

é que tento dar as costas ao que sinto
não deixo de sentir essa presença
quanto mais fujo , mas perto chego
segura, aperta, rasga,
Não sai de mim,

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

para quem não soube amar



Um abraço de um momento sublime não pode virar-se a você e pedir que se rompa.

Um olhar profundo entre dois pares de olhos onde se enxerga o que passa dentro de um coração protegido por grades de costelas não tem o direito de querer desviar-se para um vazio que restou : o nada.

Carrego comigo todo o peso dos anos vividos, toda a experiência e ainda limitada sabedoria como prova de que existo.Prego, transmito e faço o amor para compensar a morte.
Não posso fingir que não tropecei e me feri, não consigo esquecer o que me fez ainda que por momentos completa, não quero deixar pra trás os machucados e não vou arrancar as casquinhas porque agora elas são parte de mim.
Para crer em mim só preciso de uma pessoa : eu mesma.
Para saber o que sinto só escutando o ritmo do meu coração
Amor... esse não acaba , apenas transforma.

domingo, 15 de novembro de 2009

"Resta um"


é um jogo, lutademerdasemfim
quando voce pensa uma coisa, é outra
quando é outra na verdade nem ao menos é .

não sabe ser, nemnuncasoube
exausta entre vestígios de fuligem,
desse incêndio sem chamas

rasgo a lona buscandoestrela
luz para o breu sem fim do peito,
poeira do abraço rompido

irá dilacerardifamar
zombar desse meu universo em erupção
e com repúdio, ainda te imploro bis

Na Veia ( Cordel do Fogo Encantado )



Eu vou cantar pra saudade
Com seu vestido vermelho
E a sua boca

Eu vou cantar pra saudade
Descer na minha cabeça
E comandar sua festa
Aquele cheiro, som, imagem do teu corpo incendeia
E um rio carregado de saudade vem correr na minha veia
Na veia, amor, na veia

É como a luz da lua que atravessa a parede da cadeia
Clareia mais forte que o sol
E Quando a saudade chegar com seu batalhão de agitadores
E tantas bandeiras
Vou cantar aquele som da gente
Vou rasgar o teu vestido novo

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Um brinde a estupidez humana


esperamos, planejamos, sonhamos loucos devaneios utópicos
amamos tanto...
mantemos a garrafa do melhor champanhe guardada por anos esperando pelo
brinde que encerra em grande homenagem tudo o que sentimos ;
mas quando finalmente a garrafa é aberta a rolha ja não estoura , escorrega facilmente pelo gargalo...
gás já não há mais .... já não podemos sequer degustar o sabor de tanta esperança que já evaporou pelos minusculos orifícios da cortiça.
O que é tudo aquilo?
Porque guardar tudo aquilo?
O tempo passa, ruge , machuca...
e junto carrega tudo ao redor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Porque acredito em Deus?

Tudo o que eu sou,o que sei, como tatear, como sei sentir e a forma lúdica com que experimento tudo que respira ao meu redor devo a você.

Antes, era tudo um vislumbre ainda em tons pastéis,uma semente ainda germinando; hoje ja despontam alguns frutos ainda em parte não maduros. Tornou-se uma busca não só de cores primárias, mas de uma aquarela repleta de tantas cores que algumas ainda nem possuem nome. E como do fundo da minha alma eu queria poder dividir, perguntar, orgulhar e confidenciar que agora entendo os tons do arrebol, que minha papilas conseguiram experimentar o gosto da chuva, que sinto o pulsar da raíz quando abraço uma árvore, porque Al Pacino arranca lágrimas dançando tango em "Perfume de Mulher", porque o amarelo de Van Gogh é único, porque a concha guarda o mar em seu estojo, porque o medo destrói e paralisa tudo e devemo travar uma eterna luta contra ele durante a vida, e porque amamos as pessoas que são ruins conosco mesmo assim.

E o porque o que verdadeiramente move o mundo tem de ser o amor.

Esse sentimento que suas lições me ensinaram tão doce e profundamente o significado , por vezes alcançando muito além do infinito e que hoje, longe de ti busco em todas as coisas que possuem sopro de vida que me cercam e mesmo sendo tarefa tão complexa encontrar, tornou-se minha razão, minha explicação e meu motivo para seguir em frente.

Um dia, algum Deus vai inventar uma palavra que possa definir tudo isso que entra em erupção e transborda dentro de mim e o quanto não existe fim na trilha de todos os caminhos possíveis do que posso fazer e sentir com essa vida que tenho nas mãos.

Isso tudo que fui, sou e serei é por causa de você que frequentemente vejo em mim .
Muito obrigada, eternamente e até breve... quando nossos caminhos convergirem para um só jardim cercado por borboletas de asas pintadas a mão, por nós.

domingo, 8 de novembro de 2009

Quem vai embora não embolora

Deixar o ar te respirar...

Quando a solidão aparece.... isto é : deixar de se camuflar em um mar de gente que na lente de aumento na verdade nem ao menos compactua de idéias , pensamentos, direções ... aceitar que não é a toa que se chega só ao mundo, se parte sem compania e que cada um de nós tem uma distinta jornada com tramas e urdumes que se confundem em nós e raras vezes se encaixam como em um balé sincronizado; porém, é só um jogo, um teste e tentar se confundir no meio da multidão não marca pontos nem encerra do jogo .

É preciso aprender a aceitar a condição de existir individual. Conviver consigo mesmo , entender quem raios é você; para então compreender do porque e de que forma se misturar com toda alma e profundidade que se possa alcançar.

A sensação de ouvir seu próprio coração e fechar os ouvidos à tantas idéias, tantos julgamentos e tantas tentativas de boicote vindas de lugares que antes eram julgados seguros ou até mesmo sagrados, e com essa escada alcançar sonhos , alçar voô para terras distantes que antes só existiam na hora do sono...sonhos, é uma absurda e incrível possibilidade real.

Renascer, despertar sabendo que sempre existem mais escolhas do que imaginamos e que realmente antever todos os perigos é sinônimo de nunca navegar pelos mares.
As vezes as mais lindas lembranças são as mais difíceis de todas pra quem teme as ondas e caminha pela areia.


sábado, 31 de outubro de 2009

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Bertolucci tem um presente...

provocando arrepios de frisson erótico...

Os Sonhadores (2003) ...

arte ...revolução... arte... paixão... arte ...ilusão .... arte ... amadurecimento , escolhas .

O amor não deveria ser a única verdade?



Por isso o amor sempre deveria ser verdadeiro. Você sabe de alguém que tenha conhecido uma vez o que é o amor? Não. Quando se tem vinte anos , você não sabe, tudo o que sabemos são pequenos pedaços e fazemos escolhas aleatórias. Seu"te amo" é um romance impuro, mas para ser completo com o que ama , é precisa ter maturidade, isso significa procurar. Essa é a verdade da vida. por isso o amor é uma solução, uma condição verdadeira.

Viver a Vida - Jean-Luc Godard, 1962

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Tiras de veludo

Me amordace porque eu não quero mais falar,
eu não posso mais
ou calo, ou a infinitude se perde

A pele sente , as cordas vibram e brecam
torrente interrompida
águas dispersas na imensidão do céu da boca

Molhado coração dispara
pressão do sopro aumenta intensidade sonora
sinal vermelho

Busca na pupila, sua vastidão de encantos
inebriante hipinotismo sedento do perfeito timbre
silêncio absoluto com som de veludo,
Me cala

Regendo uma Orquestra com uma Planta Carnívora nas Mãos

A dor é tensão, ilusão... é importante deixa-lá aproximar-se e fluir. Tudo controla a noite e as nuvens nos mostrarão as torrentes da vida ; nessa hora é preciso devastar qualquer norma de conduta que as regras dos homens pregam porque a razão não é capaz de atingir além do horizonte ,o finito nunca compreenderá adequadamente o infinito.

Tentar entender a si mesmo é esquecer de si mesmo, se permitir deixando que cada coisa ocupe seu verdadeiro lugar escorregando, se esparramando e lentamente se encaixando sem nomes ou categorias.

O curso da água da dor é rápido e irregular, como vindo da enxurrada, é selvagem , irracional ,desafiador ... Ao seu término o que se vislumbra é o êxtase. Mas ele finda.
E agora?

A toupeira é inconsciente ... mas sempre cava a terra numa direção específica, como numa espécie de movimento de rebeldia perpétua , nas paredes, no mar, na fechadura, no meu nariz...quantos mais observarmos o mundo mais podemos reparar uma certa energia cósmica de formas e tamanhos onde tudo há de se encaixar. Olhar ao redor indica caos absoluto, mas olhar de cima numa perspectiva de Deus permite que tudo se explique , ainda que sensorialmente ;com perfeição.

Matéria se junta , encaixa, combina, cobre, preenche ,mas e sentimento? Não.

Maduros, pulsantes de tremor, vivos!!! brutais... melancólicos
A pureza não pertence a esse mundo ,e nem pode pertencer já que somos armados com desejos, vontades , curiosidades, necessidades que contrariam o significado dessa palavra que nem na primeira infância se encaixa.

E porque da culpa ? do sofrimento? do apego ?
Ilusão.

Não é a consciência do homem que determina sua existência, é sua existência social que determina sua consciência. Maldita seja a ternura ... somos seres carentes e egoístas ,por vezes não sabemos dar , por vezes receber ; mas precisamos de amor.

domingo, 4 de outubro de 2009

Clímax

Tenho que regar a memória que já seca...
minhas anotações espalhadas por milhares de bloquinhos,caderninhos, comprovantes de débito automático e arquivos do bloco de notas do windows

Um momento de pensamento só pode ser compreendido através de palavras... e essas nos manipula,nos engana, se esconde e só faz caçoar baixinho com expressão de quem aprontou e assovia jogando a cabeça pro lado a disfarçar. Se escondem , fazem charme , mas numa hora não controlam seus impulsos de desejo e se entregam voluptuosamente lânguidas à quem souber toca-las com verdade.

É esse o grande momento.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Noite e Dia



Será que as pessoas conhecem o seu "pior" ? Acho que cruzando a fronteira daquilo que não tem mais controle para saber afinal aonde ela fica ; arriscado é, e muito ,porque pode tornar-se um caminho sem volta , mas brincar de roleta russa com o caleidoscópio da mente abre um mundo de descobertas que só a coragem , ou a total falta dela permitem.
Sentir o sofá onde você está sentado, se deixar afundar e envolver por seus braços e seu calor que as poucos tomam forma de chama numa labareda circular ao seu redor.
Chegar até o ponto de mergulhar sem o coletele salva-vidas é entregar-se ao sabor do oceano com aparentes calmarias, chuvas e tormentas onde já não há mais controle, não se consegue abafar o grito nem comandar os sentidos, tornando-se uma marionete controlada por uma força de natureza maior que a razão, a força que toma e domina.
Morder, devorar, fazer com que o manto casto da pele revele o que há submerso na carne, jorrar o sangue e depois numa debilidade quase maternal , estancá-lo cuidando do ferimento que você mesmo provocou.
A única coisa que te faz calar é o preenchimento. Quando o côncavo busca desesperadamente pelo convexo para dominar a criatura selvagem que se faz real. E é nesse jogo animal, pervertido e sujo que o ser humano longe da luz é amordaçado até seu grito tornar-se o som assustador do profundo silêncio.
lentamente retomando a consciência ,sentindo-se fraco, perdedor, com as energias fimalmente esgotadas, vampirizadas e apagadas.
Quem escapa com ferimentos superficiais desse jogo é capaz de encontrar sentido, a pista para as grandes respostas, o outro lado : o equilibrio entre as duas polaridades que residem em todo ser humano.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

misantropia às avessas em uma rua de mão dupla

O total avesso corroído de uma misantropa foi o que eu me tornei. Esse amor excessivo às pessoas, essa necessidade de conhecer suas estórias, correr no bloquinho de notas e registrar palavras carregadas de sentimentos, estórias pequenas de grandes significados , querer senti-las ,envolver-se de modo quase antropofágico e logo em seguida lamentar-se de algo que não se realizou, de um tempo que ainda não chegou , ou de alguém que não existe .

E a cada vez que essa frágil linha se rompe , rompe com ela alguma coisa dentro de mim; e elas rompem a todo momento .sinto-me em cima de uma cama de gato que rompe seus fios a cada instante e eu sem pensar desesperadamente, porém em vão, tento remendá-los c cada queda. Vai haver o momento em que todos eles não irão aguentar o peso de um corpo real com as trepidações de um coração pulsando incansavelmente e puídos vão desistir de sustentar a realidade .

Cair de uma altura que nem se imagina qual seja , assusta , mas talvez uma grande tábua maciça de madeira no fim da queda possa sustentar o peso de um sentimento puro para que em segurança possa tratar os pequenos ferimentos que a queda há de ter causado.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A dor do parto é doída, mas eu tenho que partir...



O sol não teve força suficiente para romper a barreira de nuvens cinzentas, e ficou escondido justamente para não se comprometer, depois ninguém pode culpa-lo...

Um despertar para novas visões e possibilidades ja ficou no passado. Agora ja é hora de realiza-lo, pois mais sábio do que o que ensina, é o que aprende, e quando o mestre deixa de ser um "deus" para tronar-se uma pessoa comum , apenas com milhares de kilometros rodados a mais na estrada da vida , entende-se que é humanamente possível segui-lo na caminhada ; o foco de luz sai do astro e já pode iluminar o palco inteiro.

Já não me encontro enfeitiçada pelos "encantos" , que na verdade são meus próprios sonhos refletidos em águas que já não são turvas ; já cruzei a fronteira das dimensões e agora me encontro com um pé em cada mundo, e não pretendo sair dessa rota . Conto de fadas e realidades cruéis coexistem e é assim que meu mundo existe :com a necessidade cade vez maior de alterar a consciência da realidade imposta, de ajuda para enfrentar esse jogo nervoso, de andar e flutuar, olhar nos olhos das pessoas, desesperadamente sentir as pessoas e só assim acreditar que é tudo verdade.

E sobre correr atrás da liberdade já entendo que a maior que podemos e conseguimos na vida, acaba-se tornardo também a nossa maior prisão, se não enterdermos que cada liberdade tem seu tempo e seu preço pré determinados pois o padrão que define é o mesmo que aprisiona .

Meus devaneios já ganharam uma âncora, que quando necessaria é lançada ao mar onde viaja entre peixes coloridos, dança entre algas e coráis e uma hora infelizmente afunda, mas melhor submergir com possibilidade de ser puxada de volta ao navio do que perder-se entre nuvens de fumaça intangíveis .

Mas sem preocupações... do mal que tenho , não posso e não vou me curar .

E é por isso que só agora , perto da hora do sol se pôr, que o mesmo aparece , só para deixar a esperança não ser posta de lado e poder brilhar nem que por apenas alguns minutos , e é assim que a vida nos quer : solitários em nossa própria raia, lutando , dando braçadas e sempre nos preparando para algo ainda muito maior.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Nascer outra Vez

Vivemos numa bolha , respirando poluição...precisamos dar sentido a essa modernidade, mas vindo de onde venho eu sei que a realidade tem feridas e quando escolhemos significa que estamos excluindo coisas.


A completa comunhão com a Terra faz-se necessária já de modo intenso, até mesmo débil ... ao deitar-se na grama os cabelos se fundem , caracóis se enroscam e já não se percebe onde começa nem termina esse nó; a terra torna-se anatômica de modo que não se imagina levantar-se sem carregar o mundo nas costas, ficando então impresso o molde de um corpo na vegetação .



Os insetos fazem cócegas até perceberem que o corpo já é rota de passagem , é quente , pulsa, vibra, é vida . O sol faz o ciclo perpetuar e a natureza então já pode brotar através de mim.


Se a chuva molhar há de num gozo de inquietude matar a sede do toque febril e tenro que, como um menino, corre veloz nas veias .


Já posso incorporar o canto dos pássaros e o bater de asas da borboleta ao meu próprio canto ,que é o sussurro do pulsar do centro do planeta que emana a cada ser humano possuidor do dom de saber ouvir ...quem me ouve, ouve a criação.


Nos meu olhos posso navegar sem perder a direção pois do plexo solar faço a mais perfeita bússula que trás a orientação através da abertura total da consciência para percepções
fantásticas.


A pele que cobre meu corpo já se fez dourada e me conduz a um mundo desconhecido de sensações e texturas nunca antes atingidas .


Não ando mais . Flutuo com os pés imersos em uma formigação estranhamente agradável que remete a um passeio pelas nuvens com um tipo de embriaguez dos sentidos um pouco assustados diante de todo o esplendor e totalidade do que tenho em mãos e não tinha dado conta : a Vida.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Le Gai Savoir - diálogo entre Juliet e Jeans-Pierre ( Godard)



Quando estávamos juntos jogamos por nós o doce jogo de sermos dois, algumas vezes aconteceu de eu dormir nos seus ombros e você me fez correr antes de mim na noite escura, e o silêncio súbito me encheu de medo.



A angústia de ficar sozinho é como um julgamento mortal e não apenas o medo de morrer; eu sempre me resignei a isso, mas desta vastidão à minha volta , como um caminho esquecido.



Apavorada de me encontrar em frente a um espelho sem qualquer imagem, de sentir as sombras de ser ausente




Separado de mim , comprometido num reino de sonhos onde eu não tenho lugar, onde não posso segui-lo. E mesmo se amanhã eu ficar sabendo dele seguido, não acreditarei em nada disso e de qualquer forma eu só ficaria preso aos seus passos por um instante




Passei assim a metade da nossa vida, nas ruas, no metrô, neste desespero que se afundou no final, no meu sono, nos meus sonhos era apenas comparável a uma prisão, uma vida de punição, uma breve loucura ondenem oderei esquecer aqueles que perdi. Nunca na minha vida acordei sem gemer um gemido profundo, silencioso





De toda justiça da noite, as vezes o sentimento em mim era tão forte que me lembrava de olhos abertos por um longo tempo. E você me pergunta o que há de errado?

E não pude dizer a você, acreditando que era nevoeiro de maus sonhos que ainda ofuscava meu olho e ainda debatia-se nas confusas memórias sombrias





Ou então na consciências de que a narrativa não explica nada




Eu me divirto ao tomar notas e reproduzir conversação resumida sobre os acontecimentos de ontem ou as ocupações de amanhã e guardar para mim esse quase presente; uma ruptura vinda das profundezas com uma dor escondida . Na minha juventude,as vezes, falava dos meus sonhos.





Há um bom tempo parei de fazer isso. Esse medo, as vezes obscurece a existência mais e mais vai ganhando vida até mesmo no meu silêncio.

Cairia sobre mim uma terrível dúvida sobre todas as coisas

E acima de tudo sobre nós, o que faz de nós para nos dizer





Para nós significa você e eu. Para nós, diferente deste plural nós, que existe apenas na minha presença e continua quando os componentes diminuem , aumentam, variam um destes "nós" que são extensões de mim

Esta realidade que você consegue, como eu, destruir melhor do que eu. Eu digo tudo isso sem exemplo, sem ordem , de uma forma abstrata, porque dependendo do discurso que sou, tento me virar em sua direção


Meu amor


Sei que isso não passa de um truque dos encalhados. Eu digo a você. Eu partilho coisas entre você e eu como se não fossem nada , no entanto, eu duvido disso às vezes. É através disso, que eu lembro


Que ainda não perdi a razão.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pensamentos Para Meu Amigo


O que nos diferencia de uma traça comedora de lembranças, um abutre carniceiro, uma iguana de sangue frio ou uma hiena de riso maquiavélico é justamente a capacidade para sentir a dor do sangrar de um pôr do sol, enxergar como a luminosidade sutil de tons dourados da tarde é capaz de penetrar na pele e transformá-la em uma infinidade de cores mágicas reluzindo todo o esplendor do céu na criatura humana, sentir o pulsar do centro da mãe Terra ao ficar descalso pisando na grama levemente úmida, saber que um banho de chuva serve muitas vezes para lavar as tristezas da alma e que nas brumas da madrugada transformando-se em dia se criam desesenhos que explicam muitos porquês da vida. Entendemos o toque macio e ao mesmo tempo áspero da saudade, choramos de alegria, nos emocionamos com o milagre que é a vida, temos liberdade ainda que não consigamos entender que essa é uma escolha nossa e de mais ninguém e que para conquistá-la é preciso muita coragem ...



Meu querido amigo, minha meta é um dia conseguir me desatar de todas essas amarras repletas de nós que nos impedem de ser quem somos e por consequencia de saber quem somos; pois não há espaço, não há oxigênio suficiente para que possamos respirar e então inspirar tudo que há dentro de nós, sobrando apenas a escolha de ou um ou outro. Ou somos alheios à nós mesmos entrando na dança frenética massificada na qual a sociedade nos conduz , esquecendo do verdadeiro grito por ajuda que sufocamos com um pano imundo disfarçado de seda brilhante de dentro de nós , ou vivemos à margem de todo esse jogo, com acesso totalmente limitado e dificultado ao direito de ir e vir, de acessar informações controladas por burgueses acéfalos que nunca irão compreende-las em sua essência, nem que frequentem as melhores faculdades, que tenham em mãos os maiores diplomas, as mais estupendas qualificações ; Pois pra compreender as imagens , sons e lições livres é necessário ter a alma livre, e para encontrar a solução é preciso dissolver imagens, sons e sentimentos sem se apoiar em nunhum corrimão.



Gostaria de sair por trás das várias máscaras que por obrigação ou por covardia acabamos nos escondendo , poder expressar todo carregamento de emoções justamente quando elas alcançam seu ponto de ebulição e vêm a tona , poder abraçar sem medo , dizer o que sinto sem ser julgada e ter que dar explicações sobre o porquê ser emotiva e não responsável como as outras pessoas de brilhantes carreiras e portanto "vencedoras na vida ".



A você meu amigo desejo um grande mergulho reverso... que ao invés de cada vez mais submergir com uma espécie de bola de ferro amarrada ao calcanhar, você possa alçar vôo num mergulho rumo às estrelas, que possa conhecer o infnito que noss espia e acha graça , e que possa moldar nas nuvens seus ideais, seus, sonhos , seu respeito para com o ser humano . E aquilo que meus olhos enxergam de mais bonito dentro de você e que poucos tem : a fé e esperança naqueles que ainda são pequenas sementes sem pássaros para semear e que com todo cuidado, uma a uma você planta em vasos utópicos.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

buracos de minhoca na babilônia



Ja que o sonho de fugir da babilônia, por motivos de força maior teve de ser adiado , a missão agora é encontrar um buraco de minhoca no meio do marasmo . Da mesma forma que uma minhoca que passeia pela casca de uma goiaba poderia pegar um atalho para o lado oposto da casca da fruta abrindo caminho através do miolo, em vez de mover-se por toda a superfície até lá, um viajante cansado dessa "selva de pedras" que passasse por um buraco de minhoca pegaria um atalho para o lado oposto do universo através de um túnel topologicamente incomum.

Muito mais perfeito que por exemplo um casual teletransporte , pois penso eu que ,nos desintegrar e depois reconstituir-nos em outra qualquer parte do planeta ou universo , seria como matar e depois clonar ...resta saber se renascemos o que somos ou disfarçados zumbis?

Descobri que sim, é possível sobreviver à São Paulo, porque ao mesmo tempo que submergimos em uma multidão anônima, apressada e macambúzia , se soubermos usar com curiosidade aquela pequena lente de aumento, sempre ignorada dentro dos bolsos, veremos as mais peculiares criaturas humanas vagando atrás de seus imensos sonhos em meio ao caos; E mais : só aqui encontramos essas pessoas que em sua maioria não "pertencem" ao lugar , mas têm o "dever" de pelo menos uma vez na vida fazer essa peregrinação à Babilônia , pois sem essa experiência jamais poderiam ser que são .

São pessoas de todos os cantos mais escondidos do país, que ainda guardam algum tipo de inoscência, cautela ... olhos saltados ,admirados e ao mesmo tempo assustados e famintos . Nos emprestam suas crenças , seus sotaques .abrindo um colorido leque de pura poesia que se soubermos ler pode nos levar a tão diferentes experiências capazes de remendar os muitos buracos que temos no vazio da existência insalubre nessa nuvem de fumaça de óleo diesel.

E ao saber que por mais solitários que possamos nos sentir , é egocentrismo pensar que só uma pssoa possa sentir-se no papel da busca por um sentido para o viver que não seja esse imposto pela mídia, pela maioria ... e pouco a pouco vão sendo avistados pequenos grpos e muitos blocos de eus sozinhos à vagar pela periferia da vida, atrás do lendário "buraco de minhoca" capaz de levar-nos à outras terras, outras águas, outras matas , outra gente , outro sentido, ou até mesmo o real sentido .

A gente precisa conhecer mais uns aos outros, saber os sonhos ,as descobertas, ler o que escrevemos uns aos outros,entender o que vem por tras de um brilho em um olhar , compreender o que move os desejos , resgatar a perda das identidades, ouvir os apelos, dançar todos os ritmos, experimntar os sabores, tatear as texturas... só assim dá pra sentir a vida... só assim se sobrevive

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Segurar pode causar pedras nos rins...


O que na vida somos além de escravos das necessidades fisiológicas ?

Como manter a correta posição milenar do yoga se de repente vem eles:os gazes?

Elas causam dor, inibição, constragimento, entregas errôneas ...
Mas somos capazes de enlouquecer sem satisfazê-las ... Existe melhor sensação que a de depois de tanta espera, os olhos lacrimejantes implorando o lugar no trono, e uma coroa de louros na cabeça para a coroação : Eis o trono tão merecido e almejado pelo mais nobre guerreiro , e eis que o líquido reluzente dourado e digno que escorre decidido e é levado pela abundante agua da descarga como se fossem as cataratas de iguaçú ou ate mesmo a garganta do diabo . Para completar tanta alegria só brotando arco-iris de dentro da privada...


E brindemos às necessidades fisiológicas, pois são elas que nos colocam em nosso devido lugar , que não é junto à deuses ou semi-deuses nem mesmo na floresta morando com criaturas orelhudas debaixo de cogumelos vermelhos ; somos humanos , cheios de defeitos ,capazes de maus cheiros , acidentes de percurso e perversões incomensuráveis.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Colisão.



De onde vem esse deserto à beira-mar?



Sonhei penhascos onde haviam pastos dourados de trigo dançando ao vento.




Aflita e cega atrás da luz refletida do lustre reluzente com seus cristais lapidados ,o pombo estatelou na vitrine ,Fim.


Não é o que todos anseiam? deixar sua marca . como que estampada, congelada no tempo, no espaço...


Acabou a correria, a sensação de não pertencer a lugar algum, as contas atrasadas, a culpa pelo brigadeiro da festa infantil, a ânsia pelo "verdadeiro amor" que nunca apareceu , o trânsito com suas luzes brancas e vermelhas, a esperança.




Não conhecer a si mesma foi causa de tal estilhaçar , fundindo-se na multidão anônima , consumando-se assim sua transmutação em zumbi.




A sede pela luz foi a causa de tal colisão , em um mundo sombrio e úmido , a luz embriaga como um oásis.




A descrença na raça humana foi causa de tal devaneio , desistindo do considerado irremediável , saindo correndo sem olhar para trás , e terminando por ter como última visão, o clarão ofuscante e encantador da centelha divina .

Turbulências ...



Pobre carne senil, vibrando insatisfeita,a minha se rebela ante a morte anunciada

Pois que o espasmo coroe o instante do meu termo,e assim possa eu partir, em plenitude o ser.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 4 de agosto de 2009

20km/h; limite de Velocidade.



Os olhos azul-piscina eram assustadoramente idênticos, e em sua transparência revelavam submerso à agua turva, o desespero da solidão. Cada um à sua forma, mas convergentes na melancolia.

Não! não podemos ultrapassar os 20km/h , pois indo devagar dói menos ,engana um pouquinho mais o monstro cruel do sofrimento; do qual consegue-se escapar por momentos, mas com seu olfato apurado segue devastador até encontrar o rastro etílico. E é quando criador e criatura se encontram que a primavera do desespero floresce com seus botões de flores negras com espinhos ...Como espectadora, procuro impaciente o que fazer ?
Nada.

Um deles, entregue ao abandono, corpo pequeno, cama de cabeceira alta com grades;como companhia, só mais uma parceira , em cama paralelamente idêntica e corpo ainda mais magro e disforme,sorriso chorado, sem dentes. Precisei contemplar essa cena como espectadora de uma pintura orgânica,amebas sem direção colidindo e desmanchando em caldo espesso surreal e ao mesmo tempo infinitamente real em sua dor e imobilidade imutável para entender que nada sei sobre Vida ,e as tais perguntas para as quais não existe resposta.
Quantos carregamentos de dorflex serão necessários para curar a dor da alma? deixa pra lá... 1 quartinho e nada mais cura a dor da realidade....

E a criatura? está presa na solidão das metrópoles, sem nem mesmo conhecer uma metrópole .... Sozinho em meio à multidão, recolhendo migalhas alheias ,usando uma capa de super-herói que não passa de cobertor velho , aceitando esmolas jogadas , sorrisos alterados, abordagens histéricas, palmas sem sentido, pena escondida...
Mas e o talento, a sensibilidade, o sensorial, a inocência que não foi perdida?? fica para quem passa, copia usufrui e ainda assina , fica para quem alimenta com comida transgênica de laboratório, quem usa o ser humano como degrau para se sentir menos infeliz em sua caminhada sem sentido.

Muita cautela, se te pegam sonhando : é o 16 ...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

onde eu estou?

Cachecol de lã para o frio...



Sabe aquela idéia, aquele pensamento bem “cabeludo”; adorável para assustar seus amigos, sua manicure e todos a sua volta?

A sensação maravilhosa de romper com as idéias pré fabricadas das cabeças das pessoas (e não é só da classe média não, ultimamente os menos abonados tem tido idéias muito mais burguesas do que os próprios burgueses... é um tal de combo que inclui casamento, família, propriedade e religião, com calda quente de duplas sertanejas pop ,que chega a causar náuseas nos menos avisados ...)

A graça toda da estória está em conceber pensamentos radicais que choquem e provoquem mexericos por toda sua rede de contatos... Você será Napoleão dos novos tempos: louco, irresponsável, inconseqüente, obstinado e talvez até misterioso... E gozar dessa condição é realmente uma experiência incrível ainda que realmente você compactue desses pensamentos, o ato de aumentar um ponto a cada conto é que romanceia a vida.

O problema todo está em de repente se ver perdido em sua própria ficção, isso pode gerar alguns conflitos internos e fazer perder realmente o fio da meada. É preciso algum controle sobre as agulhas com as quais seu cachecol de crochê é tecido para que ele não te enforque.

A verdade é que para enxergarmos além do nosso presente, e ainda arrisco: podendo até sermos visionários; é necessário ir além... O exagero é bem vindo, na estrada de 120km/h aceleramos para 180km/h para deixar o corpo experimentar a velocidade e, depois ,aos poucos frear até encontrar sua própria velocidade. Porque o fantástico não precisa necessariamente violar as leis naturais, ele não reside no reino do impossível. O contato com a realidade quando esta é percebida naturalmente, sem filtros nem véus de preconceitos, conformismos, hábitos, educações e o que se chama de “intelecto”, é o que de mais “mágico” podemos experimentar.

Alice caiu no buraco, e voltou com ocasionais prenúncios de primavera. O sorriso sem expressão do gato não tem assusta?

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Fiz Luzes no Cabelo para iluminar Meus Pensamentos...

As vezes julgamos ter uma missão, um caminho certo. Trilhar a vitoria em linha reta .

Ocasionalmente aparecem pedras, valetas ,buracos, desvios e encantamentos no caminho ; mas permanecemos estáticos, resistentes a ventos, tempestades danças de borboletas e arco-íris que cruzam a viagem : porém por muitas vezes não possuímos o alcance da visão para enxergar onde começa ou termina a fronteira entre a determinação e a covardia .

Usamos “planos de vida” como desculpa para não olharmos para os lados e conscientemente trajarmos antolhos como acessórios de moda, não escutando nosso próprio coração que de tanto gritar fica rouco ,perde as forças, se conforma e por fim se cala para não nos arriscarmos a realmente viver a infinidade dos momentos , experiências e novas possibilidades que a vida oferece e a evolução necessita.

Sim, assusta , causa dor de barriga e vertigem a tal da “mudança”, mas quem é que realmente possui as rédeas do Alfaraz selvagem que é a vida a nos guiar ? A segurança não passa de ilusão e nossa “passagem” é curta demais ; algum sentido há de ter em expandir os horizontes ,fazer o movimento de rotação em torno de nós mesmo afim de poder alcançar os diversos ângulos das coisas, conhecer o perfume de todas as flores e as vezes também se ferir nos espinhos.


Viver não pode ser um processo cego, mas um agir levado em meio à liberdade e credibilidade dos pensamentos


Orientar-nos para uma certa decisão acontece quando temos uma visão clara de nossa existência , como também quando nos falta tal visão. Toda e qualquer decisão relativa à existência é uma entrada brusca no futuro de uma pessoa, e decisiva não é querer trilhar infinitamente, porém até o fim, os caminhos uma vez conquistados, mas sempre voltar a traçar a cada vez um novo caminho.

Se eu nasci com os cabelos pretos, porque tanto julgamento se eles foram outrora vermelhos, se estão loiros e se serão azuis? Fiz luzes no cabelo para iluminar meus pensamentos... e toda noite antes de dormir rezo para que:
Ninguém dependa de ninguém para concretizar sonhos ,

Ninguém pense que tem o direito de ter posse de outro alguém ,

Que nós saibamos que cada um que surge em nosso caminho, podendo permanecer por muito tempo ou somente sentirmos no rosto, como uma brisa passageira , possui um significado, e ficarmos cegos de paixão, egoísmo ou ira só nos impedirá de escutar a estória que cada um tem para contar e não enxergar a transmissão, encorajamento ou abertura de horizontes essa pessoa pode nos dar,

Que os momentos realmente sejam eternos enquanto durem, e que quando findam não haja o vício nem o rancor ,

Que as lágrimas sejam de alegria, de saudades e de poder ver a beleza na tristeza, porque ela existe e inspira,

Que a inveja não corroa as pessoas com seu próprio veneno e rancor,

Que o som do silencio atue como um mantra, as gotas da chuva lavem as tristezas, que o calor do sol traga vigor para uma nova caminhada, que a música abençoe, que as estrelas façam sonhar e que aos poucos eu perca o medo do escuro e ao invés de sombras, eu possa por a cabeça pra fora e ver quem na verdade as projeta.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Já são cinco e sessenta...




Quantas ilustres cabeças pensaram incessantemente até chegarmos a essa noção de tempo que conhecemos? Quem inventou essas grades que dividem nossas vidas aprisionando-nos dentro de semanas,anos, décadas ... ?

Daí surgem as datas pré fabricadas... uma desculpa para um tipo de sentimentalismo promocional barato , com hora marcada para lembrar, amar , comprar, se emocionar ...
Com esse advento é possível organizar em sua agenda pessoal tão repleta de compromissos e deveres , tempo para preocupar-se com as criaturas ou objetos com quem você cria alguma espécie de laço afetivo . Atento para datas corretas , é possível programar o alarme para "o despertar" nesses dias tão importantes. Mas que ninguém ouse inventar uma revolução fora de hora , porque não seria inteligente sem contingente adequado, pois tudo tem seu tempo.

Mas e esse fulano?? existe mesmo?? passamos meses, anos esperando e desejando tal coisa que quando acontece é tão rápido ou parece parar o tempo.... que perdemos toda a formalidade do que chamamos tempo.

Quantos anos você tem ?
Quanto tempo é preciso para ter conhecimento , se formar em alguma coisa, ter um título e então estar finalmente preparado e nomeado para a vida ?
Quantos anos cabem dentro de um dia ?
Há quanto tempo...?
Quantos segundos dura um milagre?
Suporta me olhar nos olhos por quantos décimos de segundo?

BOICOTE...


O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

(Caetano ; Oração ao tempo)

PS ; Tudo isso é parte de uma estória, ou realmente existe?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O que importa é a estrada, o destino a vida se encarrega de mostrar....



Não importa onde você está , o que importa é a viagem ... a vida se encarrega de mostrar o destino que é feito na mente de quem for capaz.

Para mim , tudo que é sério é ridículo, cafona .... todos os grandes pronunciamentos são sofismos. O amor é o milagre de um momento , e ser conduzido pelo momento significa uma infinidade de experiências de amor... de um olhar , do nascer do sol, do barulho da água ; uma risada, um abraço, um encontro.

O problema de tudo isso é que sempre queremos que os momentos sejam eternos e com um chicote dominar, prender e gerencia-los. Isso definitivamente não existe. Não acredito na felicidade utópica, mas sim nos momentos de intensa felicidade, que não é desse mundo; portanto não nos pertence ( é como se fosse uma amostra de uma coisa imensuravelmente maior) , então passamos a vida inteira correndo e brigando por uma coisa inalcançavel?

Sim, rotulando a todos, julgando , chantageando e prendendo, perdendo tempo e estragando tudo que poderia ser belo.

Aos sonhadores, resta a etiqueta de irresponsáveis, perturbados , malucos... mas como sair desse esquema imposto pela maioria de pessoas que sofrem de falta de visão? viver à margem ? desistir das pessoas ? como tentar desatar o nó das vendas que cobrem nossas tendências naturais do espírito , nossas "vocações" ?se entregar a enxergar a realidade com óculos coloridos que alteram nosso estado de sensibilidade ? fugir? correr? inibir centros nervosos? Lançar no jogo carta de naipe diferente daquele a que se é obrigado ?

RENUNCIAR...

Àqueles não acreditam em mim , e principalmente em si mesmos ofereço uma poesia retirada de um incrível filme iraniano que assisti na semana passada "Sex & Philosophy" ...


"encha a taça
embora essa água ardente...
há muito tenha cessado
de extinguir meu sofrimento
Esses cálices, esvaziados um atrás do outro...
são oceanos de chamas que engulo
Eu sou dominado elo redemoinho,
mas as águas não me afogam "

terça-feira, 7 de julho de 2009

É Proibido Proibir


Cai no areal na hora adversa que Deus concede aos seus para o intervalo em que esteja a alma imersa em sonhos que são Deus.Que importa o areal, a morte, a desventura, se com Deus me guardei .É o que me sonhei, que eterno dura e esse que regressarei.




Mangueio Soviético


Depois de tantos dias cinzentos, tantas águas das nuvens e da janela de tons verde- azulados da alma , tenho completa certeza de que o sol teve força para sair de dentro de tanto sépia para encorajar a partida ; o tal do caminho ... estrada

Pois por mais que nos oponhamos ao destino , a verdade é que a BR está para todos, mas nem todos estão para a BR ....

O que me ocorreu na verdade não foi um encantamento, uma paixão, um desejo de união, mas sim um despertar para possibilidades e ideias completamente novas . É realmente engraçado ficar presa a uma única escolha e ao mesmo tempo livre para enxergar e caminhar entre mundos. Na realidade um pouco perdida e sem ainda entender o que tudo isso significa na prática, porque se afinal como aprendi com Berkeley,
o mundo é como nós o sentimos , as coisas existem apenas se podem ser sentidas ou percebidas : então nossa percepção de espaço e tempo é algo que existe somente em nossa mente ; mas que por sua vez entra em constante conflito com as percepções do resto do mundo , porque afinal ninguém é uma ilha... acho que isso cria a mais alta , torta e cheia de espinhos Torre de Babel de todos os tempos que se for olhada bem de perto causa uma vertigem misturada à um frio na barriga vindo de tanta beleza, emoção e um caleidoscópio multi-colorido que forma a mais fascinante combinação de formas indo além do alcance da nossa limitada imaginação consciente.
As vezes quatro anos cabem em quatro dias , mas ainda não aprendi a parar de repente de flutuar e não tropeçar no buraco que surge camuflado entre as nuvens .


Vou pensar então que afinal sou Made in Brazil ,minha alegria num instante se refaz. Pois temos o sorriso engarrafado ,já vem pronto e tabelado.
É somente requentar e usar...