quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Le Gai Savoir - diálogo entre Juliet e Jeans-Pierre ( Godard)



Quando estávamos juntos jogamos por nós o doce jogo de sermos dois, algumas vezes aconteceu de eu dormir nos seus ombros e você me fez correr antes de mim na noite escura, e o silêncio súbito me encheu de medo.



A angústia de ficar sozinho é como um julgamento mortal e não apenas o medo de morrer; eu sempre me resignei a isso, mas desta vastidão à minha volta , como um caminho esquecido.



Apavorada de me encontrar em frente a um espelho sem qualquer imagem, de sentir as sombras de ser ausente




Separado de mim , comprometido num reino de sonhos onde eu não tenho lugar, onde não posso segui-lo. E mesmo se amanhã eu ficar sabendo dele seguido, não acreditarei em nada disso e de qualquer forma eu só ficaria preso aos seus passos por um instante




Passei assim a metade da nossa vida, nas ruas, no metrô, neste desespero que se afundou no final, no meu sono, nos meus sonhos era apenas comparável a uma prisão, uma vida de punição, uma breve loucura ondenem oderei esquecer aqueles que perdi. Nunca na minha vida acordei sem gemer um gemido profundo, silencioso





De toda justiça da noite, as vezes o sentimento em mim era tão forte que me lembrava de olhos abertos por um longo tempo. E você me pergunta o que há de errado?

E não pude dizer a você, acreditando que era nevoeiro de maus sonhos que ainda ofuscava meu olho e ainda debatia-se nas confusas memórias sombrias





Ou então na consciências de que a narrativa não explica nada




Eu me divirto ao tomar notas e reproduzir conversação resumida sobre os acontecimentos de ontem ou as ocupações de amanhã e guardar para mim esse quase presente; uma ruptura vinda das profundezas com uma dor escondida . Na minha juventude,as vezes, falava dos meus sonhos.





Há um bom tempo parei de fazer isso. Esse medo, as vezes obscurece a existência mais e mais vai ganhando vida até mesmo no meu silêncio.

Cairia sobre mim uma terrível dúvida sobre todas as coisas

E acima de tudo sobre nós, o que faz de nós para nos dizer





Para nós significa você e eu. Para nós, diferente deste plural nós, que existe apenas na minha presença e continua quando os componentes diminuem , aumentam, variam um destes "nós" que são extensões de mim

Esta realidade que você consegue, como eu, destruir melhor do que eu. Eu digo tudo isso sem exemplo, sem ordem , de uma forma abstrata, porque dependendo do discurso que sou, tento me virar em sua direção


Meu amor


Sei que isso não passa de um truque dos encalhados. Eu digo a você. Eu partilho coisas entre você e eu como se não fossem nada , no entanto, eu duvido disso às vezes. É através disso, que eu lembro


Que ainda não perdi a razão.

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