terça-feira, 29 de setembro de 2009

misantropia às avessas em uma rua de mão dupla

O total avesso corroído de uma misantropa foi o que eu me tornei. Esse amor excessivo às pessoas, essa necessidade de conhecer suas estórias, correr no bloquinho de notas e registrar palavras carregadas de sentimentos, estórias pequenas de grandes significados , querer senti-las ,envolver-se de modo quase antropofágico e logo em seguida lamentar-se de algo que não se realizou, de um tempo que ainda não chegou , ou de alguém que não existe .

E a cada vez que essa frágil linha se rompe , rompe com ela alguma coisa dentro de mim; e elas rompem a todo momento .sinto-me em cima de uma cama de gato que rompe seus fios a cada instante e eu sem pensar desesperadamente, porém em vão, tento remendá-los c cada queda. Vai haver o momento em que todos eles não irão aguentar o peso de um corpo real com as trepidações de um coração pulsando incansavelmente e puídos vão desistir de sustentar a realidade .

Cair de uma altura que nem se imagina qual seja , assusta , mas talvez uma grande tábua maciça de madeira no fim da queda possa sustentar o peso de um sentimento puro para que em segurança possa tratar os pequenos ferimentos que a queda há de ter causado.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A dor do parto é doída, mas eu tenho que partir...



O sol não teve força suficiente para romper a barreira de nuvens cinzentas, e ficou escondido justamente para não se comprometer, depois ninguém pode culpa-lo...

Um despertar para novas visões e possibilidades ja ficou no passado. Agora ja é hora de realiza-lo, pois mais sábio do que o que ensina, é o que aprende, e quando o mestre deixa de ser um "deus" para tronar-se uma pessoa comum , apenas com milhares de kilometros rodados a mais na estrada da vida , entende-se que é humanamente possível segui-lo na caminhada ; o foco de luz sai do astro e já pode iluminar o palco inteiro.

Já não me encontro enfeitiçada pelos "encantos" , que na verdade são meus próprios sonhos refletidos em águas que já não são turvas ; já cruzei a fronteira das dimensões e agora me encontro com um pé em cada mundo, e não pretendo sair dessa rota . Conto de fadas e realidades cruéis coexistem e é assim que meu mundo existe :com a necessidade cade vez maior de alterar a consciência da realidade imposta, de ajuda para enfrentar esse jogo nervoso, de andar e flutuar, olhar nos olhos das pessoas, desesperadamente sentir as pessoas e só assim acreditar que é tudo verdade.

E sobre correr atrás da liberdade já entendo que a maior que podemos e conseguimos na vida, acaba-se tornardo também a nossa maior prisão, se não enterdermos que cada liberdade tem seu tempo e seu preço pré determinados pois o padrão que define é o mesmo que aprisiona .

Meus devaneios já ganharam uma âncora, que quando necessaria é lançada ao mar onde viaja entre peixes coloridos, dança entre algas e coráis e uma hora infelizmente afunda, mas melhor submergir com possibilidade de ser puxada de volta ao navio do que perder-se entre nuvens de fumaça intangíveis .

Mas sem preocupações... do mal que tenho , não posso e não vou me curar .

E é por isso que só agora , perto da hora do sol se pôr, que o mesmo aparece , só para deixar a esperança não ser posta de lado e poder brilhar nem que por apenas alguns minutos , e é assim que a vida nos quer : solitários em nossa própria raia, lutando , dando braçadas e sempre nos preparando para algo ainda muito maior.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Nascer outra Vez

Vivemos numa bolha , respirando poluição...precisamos dar sentido a essa modernidade, mas vindo de onde venho eu sei que a realidade tem feridas e quando escolhemos significa que estamos excluindo coisas.


A completa comunhão com a Terra faz-se necessária já de modo intenso, até mesmo débil ... ao deitar-se na grama os cabelos se fundem , caracóis se enroscam e já não se percebe onde começa nem termina esse nó; a terra torna-se anatômica de modo que não se imagina levantar-se sem carregar o mundo nas costas, ficando então impresso o molde de um corpo na vegetação .



Os insetos fazem cócegas até perceberem que o corpo já é rota de passagem , é quente , pulsa, vibra, é vida . O sol faz o ciclo perpetuar e a natureza então já pode brotar através de mim.


Se a chuva molhar há de num gozo de inquietude matar a sede do toque febril e tenro que, como um menino, corre veloz nas veias .


Já posso incorporar o canto dos pássaros e o bater de asas da borboleta ao meu próprio canto ,que é o sussurro do pulsar do centro do planeta que emana a cada ser humano possuidor do dom de saber ouvir ...quem me ouve, ouve a criação.


Nos meu olhos posso navegar sem perder a direção pois do plexo solar faço a mais perfeita bússula que trás a orientação através da abertura total da consciência para percepções
fantásticas.


A pele que cobre meu corpo já se fez dourada e me conduz a um mundo desconhecido de sensações e texturas nunca antes atingidas .


Não ando mais . Flutuo com os pés imersos em uma formigação estranhamente agradável que remete a um passeio pelas nuvens com um tipo de embriaguez dos sentidos um pouco assustados diante de todo o esplendor e totalidade do que tenho em mãos e não tinha dado conta : a Vida.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Le Gai Savoir - diálogo entre Juliet e Jeans-Pierre ( Godard)



Quando estávamos juntos jogamos por nós o doce jogo de sermos dois, algumas vezes aconteceu de eu dormir nos seus ombros e você me fez correr antes de mim na noite escura, e o silêncio súbito me encheu de medo.



A angústia de ficar sozinho é como um julgamento mortal e não apenas o medo de morrer; eu sempre me resignei a isso, mas desta vastidão à minha volta , como um caminho esquecido.



Apavorada de me encontrar em frente a um espelho sem qualquer imagem, de sentir as sombras de ser ausente




Separado de mim , comprometido num reino de sonhos onde eu não tenho lugar, onde não posso segui-lo. E mesmo se amanhã eu ficar sabendo dele seguido, não acreditarei em nada disso e de qualquer forma eu só ficaria preso aos seus passos por um instante




Passei assim a metade da nossa vida, nas ruas, no metrô, neste desespero que se afundou no final, no meu sono, nos meus sonhos era apenas comparável a uma prisão, uma vida de punição, uma breve loucura ondenem oderei esquecer aqueles que perdi. Nunca na minha vida acordei sem gemer um gemido profundo, silencioso





De toda justiça da noite, as vezes o sentimento em mim era tão forte que me lembrava de olhos abertos por um longo tempo. E você me pergunta o que há de errado?

E não pude dizer a você, acreditando que era nevoeiro de maus sonhos que ainda ofuscava meu olho e ainda debatia-se nas confusas memórias sombrias





Ou então na consciências de que a narrativa não explica nada




Eu me divirto ao tomar notas e reproduzir conversação resumida sobre os acontecimentos de ontem ou as ocupações de amanhã e guardar para mim esse quase presente; uma ruptura vinda das profundezas com uma dor escondida . Na minha juventude,as vezes, falava dos meus sonhos.





Há um bom tempo parei de fazer isso. Esse medo, as vezes obscurece a existência mais e mais vai ganhando vida até mesmo no meu silêncio.

Cairia sobre mim uma terrível dúvida sobre todas as coisas

E acima de tudo sobre nós, o que faz de nós para nos dizer





Para nós significa você e eu. Para nós, diferente deste plural nós, que existe apenas na minha presença e continua quando os componentes diminuem , aumentam, variam um destes "nós" que são extensões de mim

Esta realidade que você consegue, como eu, destruir melhor do que eu. Eu digo tudo isso sem exemplo, sem ordem , de uma forma abstrata, porque dependendo do discurso que sou, tento me virar em sua direção


Meu amor


Sei que isso não passa de um truque dos encalhados. Eu digo a você. Eu partilho coisas entre você e eu como se não fossem nada , no entanto, eu duvido disso às vezes. É através disso, que eu lembro


Que ainda não perdi a razão.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pensamentos Para Meu Amigo


O que nos diferencia de uma traça comedora de lembranças, um abutre carniceiro, uma iguana de sangue frio ou uma hiena de riso maquiavélico é justamente a capacidade para sentir a dor do sangrar de um pôr do sol, enxergar como a luminosidade sutil de tons dourados da tarde é capaz de penetrar na pele e transformá-la em uma infinidade de cores mágicas reluzindo todo o esplendor do céu na criatura humana, sentir o pulsar do centro da mãe Terra ao ficar descalso pisando na grama levemente úmida, saber que um banho de chuva serve muitas vezes para lavar as tristezas da alma e que nas brumas da madrugada transformando-se em dia se criam desesenhos que explicam muitos porquês da vida. Entendemos o toque macio e ao mesmo tempo áspero da saudade, choramos de alegria, nos emocionamos com o milagre que é a vida, temos liberdade ainda que não consigamos entender que essa é uma escolha nossa e de mais ninguém e que para conquistá-la é preciso muita coragem ...



Meu querido amigo, minha meta é um dia conseguir me desatar de todas essas amarras repletas de nós que nos impedem de ser quem somos e por consequencia de saber quem somos; pois não há espaço, não há oxigênio suficiente para que possamos respirar e então inspirar tudo que há dentro de nós, sobrando apenas a escolha de ou um ou outro. Ou somos alheios à nós mesmos entrando na dança frenética massificada na qual a sociedade nos conduz , esquecendo do verdadeiro grito por ajuda que sufocamos com um pano imundo disfarçado de seda brilhante de dentro de nós , ou vivemos à margem de todo esse jogo, com acesso totalmente limitado e dificultado ao direito de ir e vir, de acessar informações controladas por burgueses acéfalos que nunca irão compreende-las em sua essência, nem que frequentem as melhores faculdades, que tenham em mãos os maiores diplomas, as mais estupendas qualificações ; Pois pra compreender as imagens , sons e lições livres é necessário ter a alma livre, e para encontrar a solução é preciso dissolver imagens, sons e sentimentos sem se apoiar em nunhum corrimão.



Gostaria de sair por trás das várias máscaras que por obrigação ou por covardia acabamos nos escondendo , poder expressar todo carregamento de emoções justamente quando elas alcançam seu ponto de ebulição e vêm a tona , poder abraçar sem medo , dizer o que sinto sem ser julgada e ter que dar explicações sobre o porquê ser emotiva e não responsável como as outras pessoas de brilhantes carreiras e portanto "vencedoras na vida ".



A você meu amigo desejo um grande mergulho reverso... que ao invés de cada vez mais submergir com uma espécie de bola de ferro amarrada ao calcanhar, você possa alçar vôo num mergulho rumo às estrelas, que possa conhecer o infnito que noss espia e acha graça , e que possa moldar nas nuvens seus ideais, seus, sonhos , seu respeito para com o ser humano . E aquilo que meus olhos enxergam de mais bonito dentro de você e que poucos tem : a fé e esperança naqueles que ainda são pequenas sementes sem pássaros para semear e que com todo cuidado, uma a uma você planta em vasos utópicos.