segunda-feira, 30 de novembro de 2009

por que cargas dágua vocês acham que tem o direito, de afogar tudo aquilo que eu sinto em meu peito?

pensamentos soltos sobre La belle personne


fazia um tempão que eu não sentia esse embrulho no estômago,leve arrepio...peito ardendo.
Alcançar de modo genuinamente erótico, porém completamente puro, com aquele jeito blasé, como se fosse sem querer é o que fascina, é ai que dorme a arte.
Se somos 2 pessoas comuns, quanto tempo duraria nosso amor? não existe amor eterno e é isso que me mata, é ai que não cabe nenhum sentido.
Então amar , é amar um certo tempo. E fim.
Não existe milagre para nós ,não somos mais fortes que os outros,apenas patéticos humanos.
O amor entra em nossos dedos , e como areia, escorrega. Torna-se utópico, inalcançável como as estrelas que no momento que vislumbramos nem mais existem , o que restou foi um brilho, uma aparição de esperança em nem sei o que , mas essa chama existe e por mais avessos que sejamos , viver é ter esperança.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Será mesmo que os anões não alcançam o olho Mágico?

Os anões espanhóis do hotel vazio em "O Silêncio", de Bergman que encantam como num jogo de hipnotismo o jovem menino solitário, vestem-no com um vestido cheio de babados e juntos apresentam números bizarros saltitando no colchão de uma grande cama ,me causam um certo tipo de frisson ...arrepio ,mas não é de medo , e sim de estranheza da confirmação de que logo abaixo do nosso mundo como o conhecemos, se nos permitimos olhar mais além, há outra camada, aquela oculta onde só alguns tem a oportunidade e até mesmo o interesse de chegar.

É o obscuro, a entrada para um quadro de Dali, é acessar o inconsciente, misturar-se em uma massa espessa , escorregadia e grudenta de uma substância que as vezes não sai nem com banho, nem com esfregão, nem com a vontade, nem mesmo arrancando a pele.

Tudo isso me conduz diretamente ao anão de "Twin Peaks"(David Lynch) que sempre surge entre cortinas de veludo vermelhas e fala de traz pra frente como um disco em rotação contrária. Nas paredes desse mundo enxergo cabeças de veados empalhados , com seus chifres lustrados por engraxates sem expressão da praça da Sé. À meia luz pode-se vislumbrar o desenho da poeira no ar , o cheiro forte floral adocicado que invade a garganta e nos obriga a sentir seu gosto, o tempo que derrete quem tenta possui-lo ou controlá-lo, e a névoa com textura e sabor de açúcar com corante.

Peixes vomitam tigres por não aguentarem a opressão do que escondem em suas almas. a espingarda faz cócegas suavemente em minhas axilas ; enquanto isso a lua devora vagarosamente com prazer o sol e eu penso comigo mesma deitada espreguiçando sobre um iceberg flutuante ,que se houvesse um modo de montar no elefante de pernas de pau que carrega em seu lombo aquele cristal tão delicadamente lapidado ,seria possível enxergar de lá de cima, o tudo! o mundo , as pessoas, as causas , as músicas .... mas isso tudo antes que a abelha dê sua primeira ferroada na romã. Enquanto bem ao fundo ouvimos Johann Sebastian Bach clamando por ajuda ;essa dissonância me deixa com vontade de beijar suas cicatrizes.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

fome


Quando o desejo grita nos seus ouvidos e tudo o que você quer , que realmente precisa é voar,não há mais tempo de fazer considerações, de pesar na insignificante balança social os prós e contras, de julgar ou esperar o julgamento dos outros.

Há que se colocar o capacete , agarrar forte na garupa de um cometa e se permitir sentir o sabor do vento , sentir os cachos se desmancharem entregando-se à velocidade, os olhos lacrimejando e ,por alguns instantes sentir o significado de "liberdade".

Já não querem dizer nada os olhares inquisitivos, julgamentos injustos,a inveja hipócrita que transforma-se em amargura, dedos em brasa querendo apontar sua cara ,e toda sorte de sentimentos reprimidos por aqueles que desistem de seus sonhos e aceitam entregar suas vidas às rédeas da paralisia e imobilidade.

Agora já não há mais volta ...já provei o sabor das nuvens,poeira não engulo mais. Nenhum nome , nenhum adjetivo pode tirar esse gosto de meus lábios.Agora já é hora ;quero subir além das nuvens... jantar as estrelas.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Toute ma vie, c'est courir après des choses qui se sauvent (toda minha vida é correr atrás de coisas que escapam)



Os incompreendidos para mim é o mais belo dos cinco filmes que completam a vida de Doinel.Tanta maldade, crueldade, indiferença,amor.... tanta poesia em preto e branco e aquela cena da praia que ficou impressa em minha mente ...

Collete realmente conseguiu marcar o primeiro amor como uma utopia que fere, machuca e, não obstante da realidade nós fugimos,nos trancamos em lugares ou vidas que não tem a mínima sintonia com quem somos verdadeiramente ,e quando abrirmos os olhos o tempo já passou e torna-se tarefa patética tentar correr afim de alcança-lo.

Para mim Doinel é o eterno apaixonado ,mas não por uma estória, por todas as estórias, por toda a magia dos primeiros encontros com seus frios na barriga ,mãos geladas e olhares furtivos e curiosos.
Quem sofre dessa enfermidade , de ser um apaixonado, na verdade tem paixão por tudo , de pessoas à cheiro de chuva , por do sol , vida ....
e a forma simples, bem humorada e poética com que truffaut nos fala de amor é o que me fez apaixonar por ele .


Antoine Doinel;

- Os Incompreendidos
(Les 400 Coups, FRA, 1959, P&B, 100')

- incluindo o média-metragem Antoine e Colette

- Beijos Proibidos
(Baisers Volés, FRA, 1968, Cor, 90')

- Domicílio Conjugal
(Domicile Conjugal, FRA, 1970, Cor, 100')

- O Amor em Fuga
(L'Amour en Fuite, FRA, 1979, Cor, 95')

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

estado febril

essa febre não passa, bão baixa
já toma conta de tudo, avassaladora se faz

me sinto em brasas nuas
meus sentidos não respondem mais

fumaça do extintor não passa de nevóa volátil
aguá evapora antes de tocar
em chamas vejo tudo clarear

alcanço em erupção o topo do vulcão
explode espalha lava onde alcançar
extingue após o último par de olhos uma lágrima derramar

domingo, 22 de novembro de 2009

de onde nascem as asas....


incrível crer que da asa de artesanatos (onde se carrega brincos, colares, pulseiras e anéis) de um hippie de cabelos cor de plantação de trigos ao avento e olhos daqueles dias em que o mar reflete o céu em comunhão com o sol em tons esverdeados, possa uma pena de um de seus brincos, ter feito cócegas em minhas costelas , e da fricção do atrito de minhas mãos ,rasgado em uma trêmula sencação de espasmo minha pele, fazendo libertar-se minhas próprias asas.

Aparição de um verdadeiro anjo na minha vida,que me fez voltar a crer no ser humano, longe de todas as luxurias avarezas , miudezas e estupidez que temos conseguido acumular a cada novo ciclo de nossas vidas.

Me fez reconhecer a valiosidade e grandeza dos momentos , que passam , mas há um jeito de torna-los eternos quando cremos neles e o conferimos nossa devoção. Onde finalmente podemos lapidar nossos diamantes e como fazê-los brilhar.

A importância de caminhar muito, conhecer e aprender com as mais diversas pessoas, e por vezes topar com mais e mais anjos nos menos prováveis lugares.

É por isso que sua caminhada é sem fim , sua missão é alcançar as estrelas e quem sabe me mostrar mais uma vez seu sorriso ,moço.

sábado, 21 de novembro de 2009

Mais Além...

é mais além, do tipo que não adianta escavar
não tem explicação, não há vestígios de razão
fica lá , por toda eternidade de um momento
Não sai de mim ...

é que seus olhos não revelam nada
não sei se esconde , ou se não há
fico lá tentando decifrar a alma
Não sai de mim...

é que sinto algo que não consigo classificar
não vem da razão, é mais forte que isso
preenche por um momento o vazio da vida
Não sai de mim ...

é que tento dar as costas ao que sinto
não deixo de sentir essa presença
quanto mais fujo , mas perto chego
segura, aperta, rasga,
Não sai de mim,

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

para quem não soube amar



Um abraço de um momento sublime não pode virar-se a você e pedir que se rompa.

Um olhar profundo entre dois pares de olhos onde se enxerga o que passa dentro de um coração protegido por grades de costelas não tem o direito de querer desviar-se para um vazio que restou : o nada.

Carrego comigo todo o peso dos anos vividos, toda a experiência e ainda limitada sabedoria como prova de que existo.Prego, transmito e faço o amor para compensar a morte.
Não posso fingir que não tropecei e me feri, não consigo esquecer o que me fez ainda que por momentos completa, não quero deixar pra trás os machucados e não vou arrancar as casquinhas porque agora elas são parte de mim.
Para crer em mim só preciso de uma pessoa : eu mesma.
Para saber o que sinto só escutando o ritmo do meu coração
Amor... esse não acaba , apenas transforma.

domingo, 15 de novembro de 2009

"Resta um"


é um jogo, lutademerdasemfim
quando voce pensa uma coisa, é outra
quando é outra na verdade nem ao menos é .

não sabe ser, nemnuncasoube
exausta entre vestígios de fuligem,
desse incêndio sem chamas

rasgo a lona buscandoestrela
luz para o breu sem fim do peito,
poeira do abraço rompido

irá dilacerardifamar
zombar desse meu universo em erupção
e com repúdio, ainda te imploro bis

Na Veia ( Cordel do Fogo Encantado )



Eu vou cantar pra saudade
Com seu vestido vermelho
E a sua boca

Eu vou cantar pra saudade
Descer na minha cabeça
E comandar sua festa
Aquele cheiro, som, imagem do teu corpo incendeia
E um rio carregado de saudade vem correr na minha veia
Na veia, amor, na veia

É como a luz da lua que atravessa a parede da cadeia
Clareia mais forte que o sol
E Quando a saudade chegar com seu batalhão de agitadores
E tantas bandeiras
Vou cantar aquele som da gente
Vou rasgar o teu vestido novo

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Um brinde a estupidez humana


esperamos, planejamos, sonhamos loucos devaneios utópicos
amamos tanto...
mantemos a garrafa do melhor champanhe guardada por anos esperando pelo
brinde que encerra em grande homenagem tudo o que sentimos ;
mas quando finalmente a garrafa é aberta a rolha ja não estoura , escorrega facilmente pelo gargalo...
gás já não há mais .... já não podemos sequer degustar o sabor de tanta esperança que já evaporou pelos minusculos orifícios da cortiça.
O que é tudo aquilo?
Porque guardar tudo aquilo?
O tempo passa, ruge , machuca...
e junto carrega tudo ao redor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Porque acredito em Deus?

Tudo o que eu sou,o que sei, como tatear, como sei sentir e a forma lúdica com que experimento tudo que respira ao meu redor devo a você.

Antes, era tudo um vislumbre ainda em tons pastéis,uma semente ainda germinando; hoje ja despontam alguns frutos ainda em parte não maduros. Tornou-se uma busca não só de cores primárias, mas de uma aquarela repleta de tantas cores que algumas ainda nem possuem nome. E como do fundo da minha alma eu queria poder dividir, perguntar, orgulhar e confidenciar que agora entendo os tons do arrebol, que minha papilas conseguiram experimentar o gosto da chuva, que sinto o pulsar da raíz quando abraço uma árvore, porque Al Pacino arranca lágrimas dançando tango em "Perfume de Mulher", porque o amarelo de Van Gogh é único, porque a concha guarda o mar em seu estojo, porque o medo destrói e paralisa tudo e devemo travar uma eterna luta contra ele durante a vida, e porque amamos as pessoas que são ruins conosco mesmo assim.

E o porque o que verdadeiramente move o mundo tem de ser o amor.

Esse sentimento que suas lições me ensinaram tão doce e profundamente o significado , por vezes alcançando muito além do infinito e que hoje, longe de ti busco em todas as coisas que possuem sopro de vida que me cercam e mesmo sendo tarefa tão complexa encontrar, tornou-se minha razão, minha explicação e meu motivo para seguir em frente.

Um dia, algum Deus vai inventar uma palavra que possa definir tudo isso que entra em erupção e transborda dentro de mim e o quanto não existe fim na trilha de todos os caminhos possíveis do que posso fazer e sentir com essa vida que tenho nas mãos.

Isso tudo que fui, sou e serei é por causa de você que frequentemente vejo em mim .
Muito obrigada, eternamente e até breve... quando nossos caminhos convergirem para um só jardim cercado por borboletas de asas pintadas a mão, por nós.

domingo, 8 de novembro de 2009

Quem vai embora não embolora

Deixar o ar te respirar...

Quando a solidão aparece.... isto é : deixar de se camuflar em um mar de gente que na lente de aumento na verdade nem ao menos compactua de idéias , pensamentos, direções ... aceitar que não é a toa que se chega só ao mundo, se parte sem compania e que cada um de nós tem uma distinta jornada com tramas e urdumes que se confundem em nós e raras vezes se encaixam como em um balé sincronizado; porém, é só um jogo, um teste e tentar se confundir no meio da multidão não marca pontos nem encerra do jogo .

É preciso aprender a aceitar a condição de existir individual. Conviver consigo mesmo , entender quem raios é você; para então compreender do porque e de que forma se misturar com toda alma e profundidade que se possa alcançar.

A sensação de ouvir seu próprio coração e fechar os ouvidos à tantas idéias, tantos julgamentos e tantas tentativas de boicote vindas de lugares que antes eram julgados seguros ou até mesmo sagrados, e com essa escada alcançar sonhos , alçar voô para terras distantes que antes só existiam na hora do sono...sonhos, é uma absurda e incrível possibilidade real.

Renascer, despertar sabendo que sempre existem mais escolhas do que imaginamos e que realmente antever todos os perigos é sinônimo de nunca navegar pelos mares.
As vezes as mais lindas lembranças são as mais difíceis de todas pra quem teme as ondas e caminha pela areia.